sexta-feira, 21 de março de 2008

Paraíso Perdido


Estender-se ao outro, provar da existência do outro, “roubar-lhe a consciência”, sair de si mesmo livre e espontaneamente. É assim mesmo que funciona. Sentimentos partem exclusivamente de nós mesmos, nascem da nossa escolha. Por mais excêntrico que possa parecer, sempre vi sentimento como uma prova da “superioridade” da razão. Como prova da nossa humanidade. Mas confesso que de uns tempos pra cá isso veio me inquietando. É como se o peso do crescimento diário fosse capaz de quebrar algumas das certezas mais acabadas, das razões mais esculpidas. É isso mesmo! Talvez Freud tivesse (alguma) razão – ouvir isso ontem da voz de um amigo. É como se os instintos humanos guiassem nossas atitudes, e fossem hierarquizados por nossas razões.

Não sei, em porcentagem, quanto temos de animal e quanto temos de humano (espero que sejamos pelo menos 90% humanos), mas o pior, é que minhas parcas certezas sobre essa “contagem” se esvaem por segundo (chega de números!). É razão pra cá, pra co lá, pra cima, pra baixo, que ando me sentindo meio “descaderada” de tanta razão. Acho que sou mais uma vítima do surto de individualidade que circunda nossas cabecinhas ocupadas demais. Andamos uns ao lado de outros sem perceber presença, sem interesse, sem aprofundamento. Uma multidão verdadeiramente solitária. E é nessa corrente de indivíduos “in bolha” (cada um na sua), que eu me sinto meio perdida, ou seria meio “embolhada”?

Até mesmo o corpo – o seu mesmo – tornou-se domesticado. Boas máquinas para um trabalho cada vez mais exaustivo, mais competitivo. Perdemos o prazer dos corpos, pois perdemos também, o controle sobre eles. Quando seu professor, seu colega, sua mãe ou seu/sua namorado (a), tentando lhe aconselhar, lhe diz: - faça o que lhe dá prazer na vida! Eles dizem também (sem perceber, claro!) que o nosso corpo, cheio de instintos, necessita de prazer, e este está diluído no ambiente da casa, do trabalho, na rua. Pense assim, quando terminamos um trabalho que queríamos muito ter feito, e para isso colocamos todas as nossas emoções, e o melhor de nós, sentimos PRAZER. Talvez seja isso que nos falta, prazer.

O instinto (fecundo dos prazeres) talvez seja a força (e bota força nisso) que nos impulsiona a agir, que nos faz procurar sempre o prazer (e, por conseguinte a alegria). É o que nos faz viver sempre inflamados. A razão torna-se o princípio que busca meios de conseguir o que os instintos asseiam. Meios humanos de agir, meios de sossegar essa brasa constante.

Talvez sejam esses os princípios mais associáveis, vivendo juntos em uma única bolha.

2 comentários:

Laíza disse...

que massa! de blog tb! xD

mto legal, Dé! ;D

tu tb tem nina flores! *-* tããão legal!

tá add!

=*

Mayara, Isabella e Naíza disse...

É, é também muita válida uma discussão...
Às vezes eu acho que a razão acaba matando um pouco o instinto.
A gente pensa demais e o guia natural da gente se perde na primeira racionalização.
E isso é bom e é ruim.
Vai entender... :XX

[Ah, mtu legal o blog, cara! Só vi hji q tu tinha comentado no da gente. Eu sempre achei q aquele ultimo filme tinha 3 comentários, por isso nunca olhava! hUASHUHuas]

Naíza