sábado, 9 de maio de 2009

De boa-fé


Lá estavam. Pai e filho. Dia de domingo, shopping lotado e lá estavam. Pai e filho.

O primeiro (quero dizer o mais velho, o Pai) vestia uma camisa pólo cor sim cor não, e uma calça jeans. No seu colo, com um pouco mais de um ano, o filho com: camisa pólo cor sim cor não, e uma calça jeans. JURO. A imagem que veio a minha cabeça foi da... Como é mesmo o nome? Acho que é brotação de gemas, aquilo que se dá em alguns (ou todos...?) vegetais, esponjas do mar... e ... por aí... E, cara, parecia mesmo, a posição. Veja: Pai em pé – filho no braço, colocado um pouco de ladinho – e iguais, simplesmente, iguais.

Visualizou não foi? Pois é...


Mas o interessante não foi essa minha divagação (aliás, nem um pouco), mas, foi o que meu irmão, que me acompanhava, disse apontando para aqueles graciosos... brotos: “sabe o que é isso? vaidade!”. Neste momento me atinei para algo bastante óbvio (para mim, até segundos antes, não) e curioso: a extensão do termo vaidade. Eu quero dizer, extensão de significações (... muitas). De qualquer forma uma dessas (significações) já diz muito do que de interessante ela (a vaidade) tem. Possivelmente esse pai não só estava achando fofo o seu brotinho parecer seu clone em miniatura, mas, ele desejava (principalmente) que as pessoas (all) os visem da mesma forma, e os admirassem: “─ olha que bonitinho, pai e filhinho iguaiszinhos...”.


O problema é que isso não necessariamente representa um problema. (O.õ) E é aí exatamente onde entra minha pasmação (e o meu tempo “gasto” pensando nisso). Ao intencionar ser visto, em sentido digamos estético (é menor que isso...), ele apura as possibilidades de transpor uma realidade retraída em padrões. Obviamente que o indivíduo ao sair vestido de ... sei lá... qualquer excentricidade dessas aí que existem (ou que ainda não existem) estaria abrindo as portas da claridade do mundo. Não. Assim como esse pai não possuía pretensão alguma além de simplesmente, aparecer. Aliás, alguém dirá (e com razão) que esse pai talvez seja um egocêntrico, capaz de expor o próprio filho para desfrutar do seu deleite de: aparecer.


O que ocorre (ou ocorreu em mim), é que essa cena, descrita em detalhes a cima, me fez notar a importância - crucificada -, do mostrar-se, como uma forma, (porque não?) de transgressão. O fato de atrairmos a atenção de outras pessoas não é novidade alguma, aliás, fazemos isso o tempo todo, em todo lugar. Mas, talvez o que falta, é notar que o assombro provocado em quem nos observa, seja uma forma, tímida provavelmente, de quebrar um pouco a medida da normalidade, do conhecido e do aceito. Não seria estranho (apesar de parecer exagero) supor que aquele pai permaneceria oculto enquanto não se mostrasse na expressão do seu desejo. Ele, possivelmente, manter-se-ia (isso foi o Word) enclausurado em um corpo objetivo demais, domesticado demais.


Sem querer parecer deslocada da realidade, o que eu tento dizer nessa “prolixão” toda é que a apesar de conhecermos a realidade por meio de esquemas de objetivações das coisas, fenômenos e sujeitos, existe a possibilidade de transpor-la por intermédio do mostra-se como forma de arrancar o que realmente é por traz daquilo que, simplesmente, foi feito para ser.


Talvez seja por isso que a vida sem vaidade é quase insuportável. (Tolstoi)

3 comentários:

Joel Cavalcanti disse...

eu gostei sim da divagação do brotamento: é estranha e engraçada =D

E sobre a vaidade: sabia que tem gente que passeia com o sobrinho gostando de aparentar que ele supostamente seja seu filho?! =X

kkkkk
Falei, mas também foi de boa-fé! =)

Anônimo disse...

Gente, q viagem!! O.O'

Isso é breguice msm, menina. Precisa de mta filosofia, não! hUAHSUausAS

Tô brincando, Dérika!

;]

Dani Vieira disse...

Gente, que pessoa cultaaaa!!! hehehe

Eu fui lendo o post e já planejando comentar que acho mt feio pais que vestes seus filhos iguais a si ou um irmão com o outro.. tsc.

Mas, depois de tanta filosofia, sinto-me incapaz de atingir a profundidade desse texto..

=X

Por hora, continuo implorando..
Pais, deixem seus filhos terem identidade!! =]
Deixem o fardamento para a escola!

;)