terça-feira, 24 de junho de 2008

Vou fazer uma louvação, louvação, louvação!

De um simples nó, à imponência.

(- Mas não se deve esquecer aquele terno escuro... – como é o mesmo o nome? Ah! Terno EXECULTIVO. Isso.)

O desenvolvimento das competências multiplica o identificável. Assim, nos reconhecemos no outro. Com símbolos nos pés, nos óculos ou até mesmo nos dedos, nos integramos socialmente e exercitamos (porque não?) o poder.

A ostentação e o domínio dos recursos simbólicos, que dão alma ao que usamos, vemos, ouvimos ou lemos, é a pré-condição para o reconhecimento de um indivíduo na sociedade e torna-se indispensável, também, nas relações políticas e econômicas.

Cidadão assemelha-se ainda mais ao status (e ainda há quem diga que estamos na era da “sociedade interativa”).

A lógica é mais ou menos essa: com instituições públicas degradadas e falidas, os indivíduos recorrem às mídias (e outros meios), e mantêm-se informados sobre muitos de seus direitos e deveres, além de, muitas vezes, garantirem reparações sociais, que, normalmente, paralisariam na eterna burocracia dos órgãos públicos. Mas o que isso tem a ver com status e cidadania? Tudo. Sob esses encadeados de circunstâncias, a idéia de democracia e participação social sofreu alterações consideráveis. Isso, por sua vez, gerou uma sociedade desinteressada por política e pela coisa pública, ou seja, cada vez mais distante da idéia de coletivo.

O lugar foi cedido a uma cidadania de comportamentos e não de ações, do ter e não do fazer, das subjetividades simbólicas e não de “subjetividades ideológicas”.

A hierarquia social, dada pelo status econômico e profissional, é encarada como natural e aceitável como uma condição justa. Não por acaso, encontramos médicos exigindo um absurdo “ato médico” (somente os médicos poderão ocupar cargos de coordenação e chefia), discrepância de salários discriminada por cargos (e sexo, não esquecer!), empregados de cabeça baixa diante de patrões. São nesses termos que encontramos uma cidadania ao avesso. Uma cidadania para poucos, para os que têm condições de ser cidadão na plenitude do seu significado.

Enquanto uns usam a gravata, o nó aperta na garganta de quem nem sabe como fazê-lo. É na prática da subserviência que o processo de “interatividade social” ganha um sentido de dominação. A interação se dá em um único sentido: vertical, de cima para baixo. Interagimos sim, mas sob o comando das ordens que vem de cima. Do ponto mais alto dessa linha vertical, dividida por um nó de uma gravata.


Um comentário:

Anônimo disse...

danada, tu tá escrevendo mt chiquemente, entendo nao.
mas eu lembro que a gente cantava (tu adoraaaaaava):
"Tenho um peito de lata
E um nó de gravata
No coração
Tenho uma vida sensata
Sem emoção
Tenho uma pressa danada
Não paro pra nada
Não presto atenção
Nos versos dessa canção
Inútil"
;)