Exatamente aquilo que está por trás da evidência, é arte. É também a desmascaração da aparência que o mundo nos apresenta e ainda nossa capacitação para a compreensão da realidade. Mas na verdade, ela não necessariamente tem esses definidos conceitos, nem essa bonita ordem. Não.
Tudo bem, comecemos de novo.
Pense naquilo que te faz sentir a pele ao avesso, e - como que com um toque - te revirasse o estômago. Como se o eriçamento dos pêlos já não sustentasse mais sozinho, à tamanha sensibilidade. Já não expressasse mais nenhum encantamento. É um up na intuição e um blow up na imaginação. Isso é arte. É o começo do exercício-sensível.
Quando se passa a enxergar possibilidades ao invés de realidades, pensa-se “artisticamente”, imagina-se. Cria-se um universo flexível, estratificado e sinestésico. Intui-se a presença do ausente, revela-se a fragilidade do existente. Sente-se. Deslumbra-se.
Exercitar essa sensibilidade em arte é manter contato com ela. É perceber suas sutilezas em uma convivência aberta e eclética. É se exaurir em cada obra em sua condição de exclusividade e esclarecer a emoção com sentimento e não com a razão. Para tanto, o ingresso a essa prática se dá apenas com uma arte democratizada, longe dos templos-museu, longe da onipresença.
A produção artística ganha seu real sentido se tiver público. Assim, nada mais óbvio que deixá-la (ou fazê-la) em público. Não há estratégia mais democrática que aproximar as pessoas da obra de arte e fazê-la interagir. Causar-lhes sensações, deslumbramentos ou espasmos de compreensões de mundo, é a intenção primeira da arte. Fazer mostrar o mundo como passível de ser compreendido e até mesmo transformado.
Não seria um verdadeiro confronto com a realidade encontrar nas avenidas mais movimentadas obras ousadas que tocassem em nossa imaginação, que nos surpreendessem? Estranhas, bizarras, curiosas, mas ao mesmo tempo criativas e híbridas de significações. Isso é arte de rua. Com um olhar mais apurado podemos notar o quanto artes como essas, podem falar o mundo, subverter o “aceitável”, instigar reações e, simplesmente, deixar o espaço mais sociável.
(Suficientemente quente)
Alessandra Cestac (http://www.alessandracestac.com.br/)
(sutileza)
(Quixote)
O meio onde a obra de arte se realiza não é um acaso ou uma escolha indiferente do artista. É a expressão de um fazer artístico, de uma arte intencional. A intervenção urbana é a forma de revelar a arte como possível de ser observada e ser exercitada.
Entendida como a comunicação mais transparente e revolucionária, a arte instaura a possibilidade de “erguimento” de uma nova condição de vida. Ela transgride o comum na busca por caminhos pré-reais, por caminhos “bifurcadores”.