É um tormento inexprimível. É uma busca incessante por um ser além de um é. Mas talvez seja assim mesmo que deva ser. Aliás, é (ou não é?).
Somos a eterna abertura, uma eterna incompletude do ser. Inconclusivos. O fato de não sermos algo, alguém, isso ou aquilo, te dar várias possibilidades de ser, e aquele tormento (quase) necessário torna-se gozo.
Vejamos:
Um ser-ter: “− Entre, esta é minha sala. Olha só! Não é um máximo essa minha cozinha. Ah, vem conhecer vem... querido!”
Um ser-fim: “− não sei, eu sou meio estranha mesmo. Sabe o que minha mãe disse outro dia. (− tu vieste de onde em menina?). fazer o quê? Eu sou assim mesmo.
Um ser - aparente: os já citados.
Um ser-real: “um poema apenas começado.” Ou talvez aquele cara sentado lá em cima. Viu?
O fato é que nem sempre estamos interessados no risco. Por conseguinte, na vida. Esse essencialmente - possibilidade - de - ser não nos atrai. O que se quer é o aparente, o confortável. Fazemos mais pelo parecer do que pelo ser. E o ser real torna-se clausura, só em pensamento (ou não).
Eu não quero ter a responsabilidade de espelhos quebrados, ou sonhos malogrados. Não. ... Ta vai, talvez sim. Mas o que está em questão é que o bom de ser aquele homenzinho lá em cima, sentado, em público, ao ar livre é exatamente a sua liberdade de ser. Por que é essa a condição que lhe da oportunidade de simplesmente mudar. Hoje eu posso ser aquilo lá, amanhã também, e depois? Depois eu posso ser um boneco de lata, ou um lixeiro cor de rosa... ou... Sei lá.
Acabou. Entendeu né? Então tá. Vou ouvir música agora.